Nesta quarta-feira (27), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou mais uma Rodada de Negócios promovida pela Comissão da Indústria Imobiliária (CII) e pela Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS). O evento destacou questões estratégicas do setor, como reforma tributária, financiamento imobiliário e de habitação de interesse social, desafios do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e pesquisa sobre locação social.
Ely Wertheim, vice-presidente da Indústria Imobiliária CII/CBIC e presidente executivo do Secovi-SP, iniciou com reflexões sobre os desafios do setor. “Nós comemoramos as vendas e o crescimento do mercado nas empresas, mas este é um espaço para abordar problemas e angústias”, pontuou. Ele ressaltou a necessidade de atenção à reforma tributária e ao encarecimento do funding. “Estamos vivendo uma redução preocupante nas margens de lucro, especialmente em São Paulo, junto ao aumento brutal nos custos de produção”, afirmou.
Sobre a reforma tributária, Pedro Krahenbuhl, assessor parlamentar do Secovi-SP, atualizou o cronograma legislativo, destacando que o parecer deve ser apresentado até 4 de dezembro e que há mobilização para aprová-lo ainda este ano. “É um dezembro intenso que exige nosso engajamento para garantir ajustes necessários no texto”, explicou. Wertheim complementou: “Mesmo com avanços, devemos manter a crítica embasada, pois mudanças podem ocorrer até a regulamentação.”
O panorama do financiamento imobiliário e de habitação de interesse social também foi destaque. Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, trouxe dados sobre o crescimento do mercado imobiliário. “O mercado expandiu de 230 mil unidades anuais em 2019 para quase 380 mil este ano. No entanto, enfrentamos limitações de funding e o aumento do custo de mão de obra, o que deve se agravar em 2024”, alertou. Luís Fernando Mendes, assessor técnico e econômico da CBIC, enfatizou a pressão sobre o FGTS. “O fundo está no limite e enfrenta desafios de sustentabilidade. É essencial monitorarmos os indicadores e planejarmos medidas de contenção para evitar impactos negativos”, disse.
Maria Henriqueta Arantes, consultora da CBIC e representante da CNI no Conselho Curador do FGTS, reforçou a importância de melhorar a gestão orçamentária. “A experiência de 2023 e 2024 mostrou falhas no acompanhamento do orçamento. Em 2025, o monitoramento será mais rigoroso, garantindo que os recursos durem o ano inteiro”, detalhou.
Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interesse Social (CHIS), apontou os desafios do MCMV e da locação social no Brasil. “Apesar do crescimento de 60% nos lançamentos e 43% nas vendas do MCMV, as margens estão pressionadas pelos custos de mão de obra e materiais. Precisamos buscar soluções criativas para ampliar a locação social, explorando modelos de outros países em desenvolvimento”, propôs.
Locação social: novo olhar
A locação social surge como uma solução promissora para enfrentar o déficit habitacional no Brasil, especialmente considerando que mais da metade desse déficit está relacionado ao ônus excessivo do aluguel. Para Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interesse Social (CHIS), o país precisa pensar “fora da caixa” para aumentar a participação de políticas habitacionais que atendam à população de baixa renda. Ele destaca que, apesar de o Brasil possuir uma das menores taxas de acesso à habitação em relação a outros países da América Latina, como Chile e México, o setor imobiliário continua sendo uma locomotiva econômica fundamental, com impacto em mais de 30 setores da cadeia produtiva.
Ana Castelo, pesquisadora, complementa que o desafio habitacional do Brasil é imenso e requer soluções urgentes e inovadoras. Segundo estudos recentes, o país precisará de quase 1,3 milhão de habitações por ano até 2033 para atender às demandas da população com renda de até 8 mil reais. A pesquisadora ressalta que novas fontes de financiamento e formatos de políticas habitacionais, como a locação social, são essenciais para evitar que o déficit habitacional continue a crescer. Além disso, destaca a relevância da iniciativa privada nesse contexto: “Se a iniciativa privada não entrar nessa questão, essas novas habitações vão ser produzidas de forma inadequada e incorporadas ao déficit habitacional.”
Outro ponto levantado foi o avanço nas contratações do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) no programa Minha Casa Minha Vida. Anna Paula Cunha, representante da CAIXA, enfatizou os desafios enfrentados, como a necessidade de iniciar rapidamente as obras contratadas para evitar problemas relacionados à inflação e à escassez de mão de obra no setor. “Quanto mais a gente demorar para começar as obras, isso pode ser um problema para a execução, especialmente considerando o cenário econômico atual”, alertou.
Marco Aurélio Peixoto Alves, também da CAIXA, reforçou que o trabalho conjunto entre a instituição, o Ministério das Cidades e as construtoras tem sido crucial para acelerar as contratações e o início das obras. Ele mencionou que as reuniões com construtoras e equipes locais têm sido uma ferramenta essencial para identificar dificuldades e promover ajustes. “Estamos mapeando operações e trabalhando regionalmente para garantir que as contratações sejam concluídas dentro do prazo e que as obras sejam iniciadas com agilidade”, explicou.
Por fim, Clausens Duarte agradeceu o empenho da CAIXA e destacou a importância da parceria entre o setor público e privado para o sucesso dos programas habitacionais. “A boa vontade e o diálogo constante são o segredo do sucesso dessa parceria, que tem permitido tantos avanços importantes”, afirmou.
O tema tem interface com o projeto “Melhoria da Produtividade, Competitividade e Empregabilidade do Mercado Imobiliário”, da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); e com o projeto “Responsabilidade Social na Indústria da Construção”, objetivo 2.6 -“Segurança habitacional e moradia digna ao trabalhador”, da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em correalização com o Serviço Social da Indústria (Sesi).
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